sábado, 31 de outubro de 2015

Já que é Halloween...

Não é sobre Dublin, muito menos Irlanda, mas o assunto é sobre filmes de terror. E nada melhor do que relembrar essa matéria durante o Halloween!
A publicação foi elaborada para o Jornal A Tribuna em abril de 2014 quando eu cobria as férias de uma grande amiga e excelente jornalista (Uma baita responsabilidade).
Então um pouco da memória do trabalho do Rodrigo Aragão juntamente com o ilustre Zé do Caixão e diretores incríveis que tornam o mundo da imaginação mais real.
O trabalho do Rodrigo já percorreu o mundo sempre com a simplicidade e a história que nasce do regional...


Um longa metragem formado por quatro curtas e dirigido por grandes nomes do cinema independente no segmento filme de terror, como José Mogica, o Zé do Caixão; Joel Caetano; Rodrigo Aragão; e Petter Baiestorf. Assim será o Fábulas Negras Volume 1, um projeto que visa dar uma versão definitiva para lendas como O Saci, A Loira do Banheiro, Lobisomem e Crônicas do Esgoto. Este último, não é uma lenda, mais uma realidade que Rodrigo busca retratar como uma forma de protesto. A previsão é que a produção seja lançada em novembro, no México.
“O objetivo é trazer um espírito mais unificado dessas lendas, pois como sabemos, as histórias variam de uma região para outra, porém, prevalecendo o personagem. E a junção desses nomes do filme de terror, atualmente os mais importantes, é fazer o que o governo não faz, que é mostrar a nossa arte e fortalecer esse segmento tão encantador que é o filme de terror”, conta Rodrigo Aragão.
O Zé do Caixão, que já produziu 34 longas metragens e aproximadamente 200 curtas, conta o segredo de tanto sucesso. “Nós mostramos o que os gringos querem ver e o que temos de melhor, que são nossas particularidades, nossas histórias. Esse é o segredo, e que o Rodrigo carrega muito forte. Antes mesmo de lançar a produção, já recebemos convites para exibir nos Estados Unidos e Alemanha. O filme tem tudo para dar certo”, afirma o lendário.
A produção é uma realização de um sonho do Rodrigo, produtor do filme e também diretor do ‘Crônicas do Esgoto’. “Eu sonho com esse projeto tem mais de 10 anos, então é uma realização. Eu espero que a produção repercuta como ela promete e tenha continuação. O folclore brasileiro é muito rico, mas o cinema usa muito pouco. Essa é uma oportunidade de mostrar e de nos destacar”, relata esperançoso.
Segundo Joel Caetano, resgatar o medo nesses personagens é outro objetivo do filme. “Com a leitura que o Monteiro Lobato fez ao abordar o Saci, colocando-o como uma figura engraçada e atrapalhada, nós pretendemos resgatar o lado do terror desses personagens. Porque a história do saci, na sua origem, traz com ele todo aquele terror”, esclarece.

As gravações estão acontecendo no Estúdio Fábulas Negras Produções Artísticas, em Perocão, desde quarta-feira (09) e seguem até a próxima semana com a presença de três dos diretores, o Mogica, Rodrigo e Joel. Em maio, Petter virá a Guarapari gravar o lobisomem. As filmagens de todo o longa metragem acontecem tanto em Perocão, como em Rio Calçado e em São Paulo.


ZÉ DO CAIXÃO

Por que filmar em Guarapari?

Zé do Caixão: Rodrigo há muito tempo tinha a idéia de me chamar para fazer um trabalho com ele. Primeiro pela minha história, e também com o intuito de trazer nomes do segmento para a cidade, fazer uma espécie de intercâmbio. E vir para Guarapari é um privilégio porque é um lugar ontem tem muitas lendas e estar aqui com um homem que gosta e contribuir e estimular para que essas histórias sejam retratadas.

O que você pretende abordar com a lenda do Saci?

Zé do Caixão: A idéia é fazer um saci endiabrado, diferente do abordado por Monteiro Lobate. Ele permanece somente com uma perna, mas ganha uma nova roupagem, bem estranha e aterrorizante. E esse saci acaba fazendo com que coisas do próprio mal acabe. E se existe alguma coisa ruim, de mal em cima dele, vai acabar exorcizado e ficando sob controle. Vamos trazer uma mensagem positiva sempre combatendo o mal e prevalecendo o bem.

Tem alguma lenda da região que você tem um carinho especial?

Zé do Caixão: Não dá para citar porque eu sou um apaixonado pelas lendas e pelo folclore, aqueles personagens que estão no imaginário das pessoas. Mas tem grandes histórias como ‘O homem do Pé Redondo’, ‘A Mulher Pata’, e tantas outras que são fantásticas.

Como você vê o segmento filme de terror no Brasil?

Zé do Caixão: O terror, por mais magnífico que seja não há uma verba disponível para isso, apesar de termos tantas lendas, como o homem do saco preto e o boto. Ninguém realmente aproveita isso. As pessoas preferem fazer o que o gringo faz fora. Há uma resistência de mostrar o que temos.

É muito comentado que Rodrigo é o seu sucessor. O que você pensa a respeito?

Zé do Caixão: Eu tinha muito medo e já vinha falando isso há alguns anos e não surgia ninguém que pudesse ocupar o meu lugar. Então eu conheci Rodrigo e falei: agora posso morrer sossegado.
É uma tranquilidade saber que tem esse grande produtor. Hoje estou com 78 anos e tinha muito medo de morrer e não ter alguém que ficasse aqui para garantir que a história do filme de terror e da produção independente continue. E nós somos muito parecidos, temos histórias também similares e algo em comum, que é gostar do que faz.

LENDAS ABORDADAS NO FILME:
O SACI: Será a história de um saci endiabrado, mas que vai afastar todo o mal que existe, prevalecendo o bem.
A LOIRA DO BANHEIRO: Será uma mistura de terror com romance. Uma mulher muito apaixonada, mas que morreu no banheiro e sua alma ficou presa naquele lugar. As pessoas que vão naquele ali invocando a loira e acabam morrendo também.
LOBISOMEM: História de amor no meio de uma história do lobisomem que vai dar uma versão surpreendente.
CRÔNICAS DO ESGOTO: É o único que não é uma lenda, mais uma mazela de Guarapari, que é ver o esgoto a céu aberto em todos os lugares. Esse cenário vai permitir que personagens e novas histórias surjam.

Rodrigo Aragão, é de Guarapari, produtor do longa Fábulas Negras Volume 1 e diretor do Crônicas do Esgoto

“’Crônica do esgoto’ é o único que não é uma lenda antiga, é um retrato de uma realidade. Um problema muito sério que está acontecendo e que eu acho um absurdo uma cidade turística tão linda está se afundando em algo fruto de uma má administração. Essa foi uma maneira q eu encontrei para protestar, além de ser uma das características do meu trabalho. A partir daí eu dou asas a imaginação, crio personagens e uma realidade encantadora”.

Joel Caetano é de São Paulo e diretor de A Loira do Banheiro

“A loira do banheiro é uma lenda muito famosa, mas que em vários locais tem uma origem diferente. Em são Paulo, por exemplo, é uma mulher apaixonada que morreu no banheiro, o espírito dela ficou preso e as pessoas que vão até lá invocam aquela alma e acabam morrendo também”

Petter Baiestorf é de Santa Catarina e diretor do Lobisomem

“Em resumo, o Lobisomem, que deve trazer o nome de ‘Pampas Feroz’, vai fazer um misto de história de amor com o terror. Será um causo desse personagem que vai tomar um rumo surpreendente e promete dar um novo rumo a lenda”.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

O desafio de trabalhar como au pair e lidar com a educação em outro país...

Quem trabalha ou já trabalhou como Au Pair sabe exatamente do que estou falando... trata-se de um verdadeiro desafio lidar com os pequenos, sejam eles bebês ou mais velhos! A dificuldade entra quando nos deparamos com diferenças culturais, o que resulta em um estado de alerta constante, pois qualquer coisa pode ser diferente do que aquilo que você aprendeu ter como verdade...
Mas vamos lá...
Outra reflexão é: se algo em seu intercâmbio parece fácil, acredite e espere, em algum momento encontrará dificuldades, sejam elas pelo simples fato de acontecerem em um idioma diferente ao que é seu como nativo, ou por convivência, por exemplo. 
E são a partir de pensamentos como estes que passei por problemas na casa que escolhi para ser au pair, mas através da comunicação permaneço em busca de encontrar as melhores soluções para ambos os lados. Claro, sempre em alerta para identificar comportamentos de exploração por parte da família, o que é bem comum aqui na Irlanda, já que a atividade não é regulamentada, apenas encaixada como 'empregado doméstico'. Não podemos deixar de considerar também o abuso por parte da Au Pair... o que pode vir a acontecer.

Desafio
Você deve está se perguntando onde quero chegar. 
Pois bem... 
Fazem aproximadamente dois meses que estou trabalhando como Au Pair e desde então tem sido um desafio diário:

- Vencer a minha timidez e esse meu jeitão de querer e gostar de ficar na minha (escrevendo no meu blog, assistindo minhas séries ou simplesmente usando a internet); 

- Procurar sempre me socializar com a família, ficar a vontade e deixá-los a vontade como se eu fosse realmente membro da família; 

- Me adequar a alimentação (lembrando que eles levam ao pé da letra da refeição 'lunch', que é a hora do almoço, mas costumam comer apenas um sanduíche ou algo bem leve e sendo o jantar servido em um prato de sobremesa, sempre com apenas uma proteína e um carboidrato).

- Me adequar ao comportamento e a rotina da família. Procuro estar sempre alerta e 'dançar conforme a música'. Eu sei exatamente como a Bláithin (menina de 10 anos que eu cuido) gosta da sua cama arrumada; em que posição ela gosta do seu zíper na mochila; que ela não come a maçã quando tem algum 'marronzinho' ou machucadinho; que ela tem pavor de aranha (por isso toda vez que eu limpo o quarto dela eu procuro tirar dos as teias de aranha e se possível fazer uma atividade 'caça aranha', para quando ela chegar não ter a chance de encontrar nenhuma; assim como outros comportamentos que parecem bobo, mas que eu acredito ser fundamental serem realizados, para que o impacto da presente de uma estranha na casa (Eu), seja o menor possível.

- Enfrentar a dificuldade de nunca saber se sou bem vinda naquele momento ou não, se posso entrar na cozinha ou na sala, mesmo que a porta esteja fechada, ou se é uma hora oportuna para iniciar uma conversa.

- Mesmo sabendo do meu horário de trabalho, estar sempre a disposição para ajudá-los em algo, já que moro aqui e não custa nada eu tornar a convivência mais agradável e claro, mais familiar.

- Quando e como reclamar quando algo não está bom... Ou o colchão que não está bom, algo que é necessário comprar

- Como lidar quando a Host Family começa a interferir na sua rotina pós trabalho (momento em que a princípio você está livre para ficar no seu quarto, descansar, assistir algum filme ou série)

Bom, essas são algumas das pequenas atividades diárias que faço por aqui, que ultrapassam a simples obrigação de cuidar da criança e limpar a casa. Mas que eu acredito ser fundamental para uma convivência agradável. 
Porém, as coisas tem uma dimensão maior, ainda mais quando cobramos os nossos direitos ou procuramos fazer o que aprendemos como certo. Então, não espere que nada que você faça seja reconhecido, até porque, no meu caso, eu não espero elogios ou agradecimentos, apenas faço de coração em busca de uma experiência positiva.

Está na Lei
Quanto aos direitos... embora sejamos enquadrados como profissionais domésticos, temos salário mínimo, direito a casa e alimentação, férias remuneradas e outros pontos que devem ser levados em consideração por ambos os lados. Mas são poucas as famílias que seguem isso e muitas jovens que aceitam trabalhar por precisar de dinheiro para se manter no país. E por ser uma forma cômoda de completar um ano ou mais no exterior, já que dessa forma você não se preocupa com aluguel e alimentação.
E por mais que a família pareça boazinha, assim como muitas pessoas que se intitulam como 'chefe' e não líderes de verdade, vão achar ruim quando você cobra seus direitos, e podem mudar da água para o vinha durante essa conversa. 
Foi assim que aconteceu comigo, não por cobrar a lei, mais um combinado durante a entrevista de contratação. No final, tudo tomou o rumo que deveria, mas conclusão: muita coisa foi prometida, mas na prática nem sempre é igual.
Aí a importância de um contrato entre as partes, o que também não é de costume acontecer por aqui. Exceto através de alguns que buscam jovens para trabalhar como au pair, realizam o processo de recrutamento e cobram uma taxa por isso. Apesar de mais caro e uma forma que polpa esforços, vivência da experiência e aprendizado, na minha opinião, não deixa de ser um ponto positivo.
Em resumo, muitas vezes temos medo de como nos comportar diante da família, vem o receio de você ter que deixar a casa imediatamente. Mas há também meios de denunciar e lugares para se pedir ajudar, caso a jovem se sinta violada. 

E onde entra a educação nisso tudo?
Aqui na casa, em especial, comportamentos da criança que eu cuida vem me chamando atenção, como mentiras constantes (por coisas bobas, mas não deixam de ser mentiras) e falta de pulso dos pais para a correção foram as primeiras coisas que comecei a detectar.
Com o tempo, a menina que parecia um amor e fácil de lidar passou a pegar comida escondido da cozinha, falar mal dos amiguinhos para justificar que não deseja brincar na rua com eles, e por último, após dar falta de alguns objetos meus, achei sem querer escondido no quarto da menina. 
Diante desses comportamentos, acionei a mãe e após a conversa tanto ela quanto eu conversamos com a menina. Porém, não percebi por parte da mãe uma ação de correção e nem de sensibilização da menina. E logo após ainda ouvi da mãe que ela tem apenas 10 anos e não tem noção do que é certo ou errado e em seguida: não se preocupe com o futuro dela, ela ficará bem!
Alguma dúvida de que eu sou apenas uma figurante nesse processo?!
Eu que pensei que estava aqui para cuidar da menina, limpar a casa, mas também acrescentar e auxiliar no processo de educação, vi que não devo, ou pelo menos não deveria me preocupar mesmo!
E isso me faz lembrar uma conversa recente, que a mãe decepcionada com o seu trabalho, disse que iria procurar outro, pois não via sentido trabalhar e não ver resultado. E quer saber? É exatamente assim que me sinto, porém sem saber o limite que as atitudes da menina são apenas coisas de crianças e quando passam a ser realmente preocupantes. 
Agora? Infelizmente é ficar em alerta para observar se o comportamento permanece. O que eu não duvido, até porque, se fosse no Brasil, pelo menos de acordo com a educação que eu recebi, tando o pai como a mãe sentaria como o filho nesse momento, explicaria o porque é errado e tentaria entender o que poderia ter levado a essa atitude. E aqui não acontece a participação de ambos nesse processo e ao invés de correção, a mãe apenas justifica e cria 'n' motivos para aquele comportamento.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Lugar de criança é na Irlanda

Coluna sobre o dia das crianças para o Jornal Folha da Cidade

Lugar de criança é na Irlanda
Tayla Oliveira

O mês de outubro é para lá de especial por um importante motivo, ou melhor, dois! Não sabe por quê? Então pergunte para uma criança que rapidamente ela irá te responder. É claro que porque dia 12 é o dia desses pequenos ne?! Porém, ao contrário do que pensamos, o dia das crianças por aqui é comemorado apenas no dia 20 de novembro, então, apenas uma data tira os pais do sério, quer descobrir qual?
Então vamos ao motivo número dois. Algumas dicas te levarão a resposta e também a um dos lugares favoritos da criançada: o mundo da fantasia e da imaginação. Isso mesmo, tempo de Halloween. E aqui na Irlanda, assim como nos Estados Unidos, a cultura de festas à fantasia e o ‘bater de porta em porta’ em busca de doces é bem comum. Portanto, apenas esse motivo contribui com alguns fios de cabelo branco a mais na cabeça dos pais irlandeses pela busca da fantasia perfeita e customização das casas.
Já que o assunto é fantasia e imaginação...
E se tem um lugar que tem alma de criança e muitas histórias que dão o que falar é aqui mesmo, na Irlanda. O país é conhecido como Ilha Esmeralda pela grande quantidade de pedrinhas preciosas verdes encontradas aqui. Também é onde vive o famoso ‘Leprechaum’, os famosos doendes (são fadas, mais altas que as normais, e muitas vezes aparecem para os seres humanos na forma de um velhinho. Eles gostam de colecionar ouro que escondem em um pote no final do arco-íris). A propósito, por aqui, pelo menos durante a primavera e o verão é possível ver essa combinação de cores no céu quase todas as semanas.
São diversas lendas que cercam a história da Irlanda e acredite, não só as crianças, mas também adultos levam todas as histórias como reais. Então chamar qualquer uma delas de mentira ou mesmo lendas é até um insulto.
Dia de alegria!

E para finalizar, aproveitando que o mês é dos pequenos, vale o registro de uma ação bem interessante que aconteceu por aqui com crianças especiais. Um grupo de taxista passou em hospitais e levou a criançada para dar uma volta pela cidade. Com música e voluntários caracterizados de personagem de desenho animado resultou em alegria garantida e um dia diferente dos quartos brancos e sem graças de um hospital. Que fique de exemplo!